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Obras
instrumentais
Fantasia n.2: "Borrões de Tinta" (2020, 24)
para piano solo
Densa e colorida, é uma quase oposição aos tons de cinza da austera "Fantasia n.1". Aqui, a teleologia estendida daquela primeira obra dá lugar à condensação e convergência máximas de múltiplas reflexões estéticas sobrepostas - uma tentativa vã de abarcar o mundo inteiro. Mas para que fantasiar se não para alcançar o impossível?
Irre-elevação Re-vertida (2024)
para conjunto
O movimento não existe sem a diferença, e "ser" só é possível por meio de uma sucessão de quadros heterogêneos de "estar". Mas se só é possível existir por meio de um ato eterno de transformação, como a percepção de unidade pode persistir e a coerência não ser desmantelada? É necessário ser coerente? Mais do que uma resposta, este trabalho é, entre outras coisas, uma elaboração dessas perguntas.
Comissão Plurisons Ensemble 2024 (com participação de Vertixe Sonora).
Aurora Desvelada (2023)
para conjunto de câmara
Aurora Desvelada é a última peça do ciclo instrumental MIRAGENS EM PENUMBRA, que usa um dia simbólico como metáfora para os momentos de incerteza e indecisão pelos quais passamos na vida. A primeira peça, Miragens em Penumbra (2021), representa um estado inicial de indecisão e incerteza; a segunda, Variável Alvorada (2022), representa o potencial ilimitado que um novo amanhecer pode nos trazer; a terceira, Idílico Eclipsado (2023), representa o ápice do caos a partir do qual começamos a vislumbrar uma possível saída do labirinto, embora ainda amorfa e intocável; a última peça, Aurora Desvelada (2023), finalmente liberta nosso eu lírico da amorfia e da incerteza, apresentando-o com um pôr do sol singelo e conclusivo antes do suave crepúsculo.
Ciclo MIRAGENS EM PENUMBRA, obra n. 4.
Idílico Eclipsado (2023)
para conjunto de câmara
A peça é a terceira de um ciclo instrumental que usa um dia simbólico como metáfora para alguns dos momentos sombrios que temos na vida. A primeira peça do ciclo representa um estado de indefinição e incerteza; a segunda representa o potencial ilimitado que um novo amanhecer pode nos trazer, bem como a clareza expressa por sua forma musical clara. Esta, Idílico Eclipsado , representa aquele momento em que nossa saída já é visível, embora ainda incerta e intocável, o que é expresso pelas texturas pesadas contrastadas com as mais claras - nossa saída quase invisível do caos.
Ciclo MIRAGENS EM PENUMBRA, obra n. 3.
Variável Alvorada (2022)
para trio
Variável Alvorada (2022) é um trio para Flauta, Clarinete e Violino composto em 2022. Uma de suas características composicionais mais importantes é criação de “campos harmônicos” microtonais e não diatônicos perceptíveis. Tal ideia é baseada nas proposições de Edmond Costère sobre harmonia, que por sua vez se baseiam na ressonância natural da série harmônica conjugada com rotinas sintáticas contidas no repertório da Música Ocidental. Os campos harmônicos são compostos por “signos harmônicos” de baixo nível (em um sentido semiótico), que também podem ser ouvidos como partes independentes de informação durante a apreciação musical. Esses fragmentos harmônicos são dotados de uma hierarquia interna de cada campo harmônico, o que leva à possibilidade de se estabelecer “tensão”, “resolução”, “estabilidade” e “instabilidade” para a informação musical em um contexto não triádico e não diatônico.
Ciclo MIRAGENS EM PENUMBRA, obra n. 2.
Miragens em Penumbra (2021)
para conjunto de câmara
Fantasia n.1: "Despertar" (2020)
para piano solo
"Sonho lúcido ou imagem prévia;
Pré-lembrança ou vã miragem,
Nevoeiro de ferro que esconde o amanhã.
Meia-sombra que autoriza o contorno,
Mas furta o cor do estágio deste afã.
Por entre a névoa de passagem
Vejo campos de mil folhasgens,
E vislumbro o fim desta febre terçã.
Vislumbro ou concretamente vindouro?
Fins e começos que dançam, em minha divã.
O nevoeiro cambaleia,
Anunciado a dispersão:
Já é tempo de dançar à minha maneira;
Tingir como sombras da alucinação
E despertar esta alma que devaneia.
Eis que acordo em novas folhagens
E os contornos já são pós-imagens.
Todo hoje é penumbra de um amanhã.
Meias-sombras que dançam em passagem
À ainda ignota lembrança
De um presente de folhas frescas
Que um dia encarnaram as mais vãs miragens
Desveladas, por fim, na aurora
Do que eu quis chamar de amanhã." - Set./2021
Ciclo MIRAGENS EM PENUMBRA, obra n. 1.
Fantasia n. 1 revela algumas das preocupações expressas na pesquisa que eu estava conduzindo durante sua composição. Seu principal campo de exploração, por assim dizer, é a tensão entre coerência e variedade em uma composição musical. Por meio da apresentação, proliferação e transformação de um motivo bastante curto, a peça gera todas as seções contrastantes, bem como sua continuidade ao longo do tempo. Quando, partindo do mesmo material básico, o eixo da variedade é predominante, percebemos secessão e divisão; quando, de outra forma, o objeto musical mantém mais de seus elementos originais do que os substitui, encontramos continuidade. A tensão se torna mais complexa à medida que sobrepomos objetos musicais e frases em estágios assíncronos de tal pêndulo, e encontra seu ápice por meio da acumulação de transformações sob as quais o material é submetido. Fantasia n. 1 é sobre como, mesmo depois de séculos, continuamos buscando, através de cada nova peça e de cada decisão composicional, responder à questão da variedade e da coerência de uma forma criativa e particular.
Pequeno espelho côncavo sobre o vento (2020)
para flauta solo
Tendo o vento como seu suporte material e objeto de contemplação, Pequeno espelho concavo sobre o vento nos convida a observar seu próprio reflexo; as consequências de suas próprias formulações refletidas em um grande autorretrato que se dobra sobre si mesmo. Construída de forma espelhada, a evolução da peça ao longo do tempo se interrompe em um determinado ponto, retomando em caminho inverso, invertendo e alongando suas partes constituintes e materiais, como um espelho reentrante faz com um reflexo que projeta. Mas, como nada é perfeitamente linear, um pequeno germe desenvolvido na primeira parte da peça continua a crescer e aos poucos toma conta da parte espelhada, substituindo e alterando esse reflexo que não é mais imaculado, mas transformado e ressignificado.
OBRAS
ELETROACÚSTICAS
Remêmoro (2024)
Peça de 8 canais
"Remêmoro" é uma peça acusmática de 8 canais que consiste em uma série de miniaturas a serem tocadas em qualquer ordem. A quantidade de miniaturas a serem executadas também é aberta à escolha. Enquanto tal conceito formal deriva principalmente da estrutura de "Mikrophonie I" de Karlheinz Stockhausen, com base na "forma de momento" do autor, o tema da "lembrança" percorre todas as miniaturas para criar uma sensação permanente de familiaridade e nostalgia.
A versão aqui reunida é a escolhida para sua estreia na cidade de Belo Horizonte (MG), Brasil, durante o "Festival Plurisons 2024". O concerto da estreia ocorreu na "Sala ECRIS" do Conservatório da UFMG, no dia 17/07/2024.
intra-homeorrese; Homeostase (2022-23)
Peça de 8 canais
O título da peça faz referência a dois conceitos-chave na Cibernética. Ambos dizem respeito ao comportamento de um dado sistema quanto ao seu equilíbrio interno, onde homeostase denota um estado de constância e permanência dos processos regulatórios e elementos constitutivos a despeito do ambiente, enquanto homeorrese nomeia a condição em que tal sistema se encontra quando o ambiente - ou mesmo sua própria natureza adaptativa - força uma transformação dramática dos componentes do sistema em busca de uma nova forma de estabilidade. Uma dicotomia como tal pode ser conjugada em sistemas complexos onde a unidade do todo é garantida através do funcionamento de vários subsistemas heterogêneos, dos quais o corpo humano e a sociedade são ilustrativos.
O engodo do medo (2021)
para violino e eletrônica (estéreo)
“Mas, desta vez, o vento me refresca. E, de alguma forma, isso me diz que o tempo marchou. Também notei que cresceu aquela minha coleção de surpresas trazidas por minhas próprias verdades - sim, essas postulações com que ainda justificam e significam a experiência. Com que insisto em tentar me privar de ser descoberto. Mais uma face da minha colmeia.
Tenho uma teoria de que estou vivo, mas prová-la pode ser particularmente exigente. Por vezes, é impossível, e isso decorre que não posso estar. Se tanto para verdade, contudo, então eu estou cometendo um erro grave, porque a noite é fresca e meu recebimento anseia o frio de que me furto por temer o resfriado. Eu ainda faço isso? Porque o céu e esses seus pontilhismos têm por passatempo me seduzir essas coragens... eu vejo acontecer. Mas não tenho escolha senão aceitar esse jogo e me despir deste relógio, porque me agrada, a noite. E era de tarde até há pouco. O que aconteceu em tão pouco tempo?” - 11 de março de 2018.
Antopomêmor (2021)
estéreo
“Antopomêmor” é um neologismo formado pelo radical grego “topos” e pelos radicais latinos “ante” e “mêmor”. “Topos” significa “lugar”, e pode ser usado tanto literal quanto figurativamente, como é o caso aqui; “ante” denota anterioridade; “memor” se relaciona a uma gama de significados relacionados a “memória”. Antopomêmor seria, portanto, a lembrança de um “pré-lugar”, ou um futuro, uma premonição ou mesmo uma projeção especulativa sobre um determinado estado de coisas. Esses significados potenciais refletem o caráter poético e estrutural da obra, que funciona como prólogo e obra inicial no ciclo eletroacústico de peças dedicadas às perdas incomensuráveis durante a pandemia da COVID-19.
Ciclo MEMENTO MOVERE, obra n.1.
Distopomêmor (2020-21)
para violino, percussão e eletrônica (estéreo)
“Distopomêmor” é um neologismo derivado das raízes gregas “dis” e “topos”, e seu latim “memor”. Das duas primeiras deriva o vocábulo “distopia”, que denota o pior cenário de um domínio intelectual ou estado de coisas. “Memor”, por sua vez, refere-se à raiz etimológica de “memória”, denotando uma gama de significados como “aquele que se lembra”, “aquele que está consciente de algo” e “recordar/lembrar”, em suas origens.
O ano de 2020 certamente será lembrado como um momento histórico para a humanidade. As crises sanitária e econômica, a insegurança e as perdas humanas, assim como as perdas materiais, reviraram nossas vidas. Distopomêmor é uma impressão artística da pandemia do ponto de vista de “alguém que sempre se lembrará da distopia” - o que nos traz de volta ao título da peça.
Ciclo MEMENTO MOVERE, obra n.3.
Déjà vu (2020)
estéreo
“Déjà vu” é uma peça acusmática estereofônica, na qual imagens e gestos são construídos, modificados e transfigurados em diferentes níveis, retornando ao ouvinte como uma espécie de déjà vu de cenas vistas anteriormente, embora nunca as mesmas ou no mesmo contexto. Como alguns elementos são frequentemente precedidos por sons ou gestos específicos, uma expectativa é estabelecida quando certos sons emergem do tecido musical, expectativas essas às vezes satisfeitas e às vezes negadas. Ao longo da obra, há “janelas” que contêm parte dos elementos musicais a serem desenvolvidos em um momento posterior, e que de repente irrompem e desaparecem, dando ao ouvinte uma pista do que está por vir.
Ciclo MEMENTO MOVERE, obra n.2.